terça-feira, 31 de março de 2009

14 - UM PROFETA DOS NOSSOS TEMPOS


Falar de um homem como Dom José Luiz Azcona, é uma alegria, só se pode entender quem ele é, acompanhando um pouco o itinerário que ele faz.Vive mais nos barcos que em sua própria casa.



Em suas visitas pastorais são inúmeras as viagem que ele faz, são horas e horas de um barco para outro, viagens cansativas, muitas vezes perigosas, enfrentando as maresia destas imensas águas, sua força, é algo que não se explica, mas que se percebe claramente de onde ela vem, não é algo humano e uma força divina de quem experimentou o batismo no Espírito Santo.


Suas pregações deixam os corações inquietos. Sua atitude diante das ameaças de morte nos deixa envergonhados, quando alguém pergunta se é verdade que corre risco de vida, ele diz com voz firme mas serena, ele diz: a cada dia que passa penso muito na morte mas sem angustia, para mim será a gloria maior que um ser humano pode ter, morrer por causa do reino, pra defender os que sofrem nesta terra do Marajó morrer por Jesus Cristo é mesmo motivo de alegria.
Ele é um verdadeiro profeta que anuncia e denuncia. Depois de estar aqui por quase um ano, entendo perfeitamente o seu grito de dor em defesa dos que são verdadeiramente oprimidos, entendo quando ele prega que é necessário abraçar o crucificado, que é necessário que o Pentecostes aconteça nesta Marajó, que não basta somente rezar é preciso agir, amar, ir ao encontro dos irmãos, estar com eles, ser a voz dos que não tem voz.
Agradeço muito a Deus por poder conhecer este homem cheio do espírito Santo. Basta alguns minutos de conversa com ele para ficar com o coração abrasado, e ter um desejo imenso de se consumir pelo reino,ele fala com autoridade, e essa autoridade vem do Senhor, suas palavras ardem quando chegam ao coração, ele fala do reino com tanta convicção que convence o coração de quem o escuta.

Estivemos visitando , este amado Bispo em Soure, e lá eu pude observar que ele realmente prega o que vive, sua simplicidade, é tanta que desconcerta a nossa vaidade, nosso orgulho.
Neste dias que estivemos lá eu estava com o coração angustiado, estava num tempo de discernimento pois em maio vence o meu tempo de missão aqui. Assim sem jeito perguntei a ele se poderia conversar uns 5 minutos com ele, me respondeu prontamente, não somente 5 minutos mas quanto tempo quiser, com tanto trabalho, com tantos problemas que não dava para comparar com o nada que eu estava sentindo.

Enfim pela noite arrumou um tempo e me disse temos que conversar. Bastaram 20 minutos para que as minha duvidas e inquietações caíssem por terra, sua palavras transpassavam minha alma,e por vários momentos tive a impressão de estar frente a frente com Jesus.Seus questionamentos, me fizeram recordar o quanto desejei estar nesta terra, o quanto desejei voltar para a missão, não tive coragem de continuar com as minhas desculpas de que eu tenho minha mãe para cuidar, porque ele foi logo dizendo, quem prefere a mãe, o pai o irmão do que a mim diz o Senhor não é digno de me seguir.essas palavras doeram mas eu sabia que eram as palavras de Jesus.
Por fim me deu um abraço e um beijo de pai. Sai daquela conversa desconcertada não sabia qual era o sentimento. Mas creio eu, que foi experimentar mais um pouquinho do pentecostes.





Sua atitude de servo mais uma vez nos surpreendeu, teríamos que sair de Soure para Belém de madrugada as 4h, chovia muito quando nos levantamos ele já estava de pé, nos esperando, estava com uma gripe , febre mesmo assim pegou o carro e nos deixou na beira do rio para pegar a balsa.


Ficamos mais uma vez sem ação, o bispo nos servindo.
Deus suscita profetas como este homem para que possamos crer que é possível, nos dias de hoje anunciar a palavra de Deus, ser a voz de Deus como nos tempos dos profetas do antigo testamento.
È tempo de aprender. Obrigada meu Senhor pela graça de estar servindo nesta prelazia do Marajó.


Possam minhas palavras lhe ser agradaveis!
Minha única alegria se encontra no Senhor!

domingo, 22 de março de 2009

13 - NOSSA MISSÃO CONTINUA


Neste mês de Março muitas coisas boas aconteceram na missão, como sempre Deus nos ampara e nos capacita conforme se apresenta as situações.
Eu e Elo ficamos 11 dias sem o Beto, ele foi com frei Ronaldo para os ribeirinhos, com isso realizamos as atividades somente nós duas, foram dias de missão intensa, alem das atividades cotidianas, fomos chamadas varias vezes para rezar pelos doentes, e atendemos pessoas aqui em casa para aconselhamento
.

As oficinas estão com uma boa participação de mulheres, adolescentes a até meninos, hoje contamos com 4 oficinas de artesanato diferentes, pintura em tecido, trabalho de cestaria com jornal, imã de geladeira com meia de seda e biscuit, cartões e marca paginas confeccionados com plantas desidratadas e também uma oficina de alfabetização.

Dona Raimunda, Lucinete e Benedita,

esperam com ansiedade para pintar suas cestas.

Trabalhamos na MALOCA que aos Domingos e nossa capela para celebrar.



Mãos à obra


Oficina de pintura em tecido.


Esse pessoal tem talento.


Ademilson, este menino esta em todas as oficinas muito dedicado.



Alguns dos trabalhos feitos com meia de seda. (Imã de geladeira)

Mãe e filha aprendendo.


Estes são os marca paginas feitos com perfeição...



Nossa missão nesta comunidade e evangelizar e promover a vida e a dignidade destas pessoas. Temos aprendido muito com a realidade é necessário mais que uma evangelização espiritual e preciso apontar ou apresentar uma motivação para que não percam totalmente as esperanças e continuem lutando. São inúmeras as famílias que todos estão desempregados, oferecemos assim uma oportunidade de gerar uma pequena renda na família através destas oficinas.


Iniciamos pequenos trabalhos em biscuit.

Eu , Elo e Dom Azcona, nos fundos nossa capela quase pronta.

Dom Azcona visitando as oficinas.


O Beto chegou de volta aqui em Breves no dia 12 e nesse mesmo dia viajamos para Belém, o barco atrasou chegamos em Belém já se passava das 8h. Padre Otávio nos aguardava no porto, padre Otávio é alguém que também faz parte da nossa vida, ele é o animador vocacional da prelazia do Marajó uma pessoa cheia de Deus, amamos ele. Fomos direto para o seminário maior de Marituba, o padre Manoel nos aguardava, e como sempre nos acolheu com alegria tomamos café, chimarrão, e almoçamos com eles, em seguida as fomos para o porto e partimos para Soure, ansiosos para conhecer este pedaço de chão deste imenso Marajó.



Olha a felicidade da Elo com a cuia na mão.

Beto preferiu um cafezinho!!! Ele não se inculturou!!!!

Nossa Mãe!!! chegar a Soure é uma aventura!

Viajamos mais de 14h até chegar em Belém, depois pegamos um barco até Salvaterra, mais que uma aventura,é uma loucura para chegar até lá. Depois do barco que chega até Salvaterra é preciso pegar um ônibus por mais uns 45 minutos, depois mais uma balsa para atravessar até Soure. Enfim chegamos a terra tão esperada.
Padre Zé Antonio nos acolheu logo chegou padre Adenílson (uma figura).
Com certeza Soure é o oposto de Breves, a impressão que tive é de não estar no Marajó, a Geografia, a característica das pessoas, a cidade, tudo muito diferente daqui de Breves.

Encontramos com nossa madrinha de missão irmã Rita.

Eu e Elo Barco de Breves a Belém.

Visitamos a comunidade Nova Aliança.

Eu e padre Otávio, Viagem para Soure é preciso ter coragem!

Depois de tanto tempo... saboreamos nosso chimarrão.

Padre Manoel, até que enfim alguém que nos acompanha no chimarrão.





No sábado fomos com padre Adenilson para uma comunidade próxima, chamada vila Pesqueiro, uma pequena comunidade de pescadores na beira da praia, poucas pessoas participaram da missa, uma coisa nos chamou a atenção de mais ou menos 40 pessoas que estavam na missa somente duas foram receber a comunhão, para nós foi estranho, não entendemos muito bem.
O lugar é muito bonito, a praia é imensa.


Conhecemos poucos lugares porque choveu muito na segunda feira.Visitamos e conversamos com os nossos meninos seminaristas daqui de Breves, Ediney, Marinaldo, Daniel e Benedito foi bom estar com eles.


Ficamos hospedados na casa de Dom Azcona, mas somente no domingo ele chegou, creio que o lugar que ele menos fica e em sua própria casa vive mais pelos barcos visitando seu rebanho. Mas mesmo assim aproveitamos a sua companhia, conversamos sobre a missão, a realidade de Breves, os projetos, e sonhos.
Tive uma conversa com ele não precisou muito tempo pra que meu coração se abrasasse ele fala com uma autoridade que nos deixa convictos de que é o Espírito Santo que fala por ele.
Na terça feira, voltamos para casa não sem antes sermos surpreendidos por Dom Azcona, ele levantou-se as 4h da madrugada pegou a Kombi e nos deixou na beira do rio para pegar a balsa. Ficamos sem ação, mas nos sentimos amados por ele.
Chegamos a Belém ainda pela manha, eu e Elo fomos ao comércio comprar material para as oficinas.
Padre Manoel veio conosco a Breves, que bênção, foram estes dias nesta casa, sua presença alegrou nossas vidas, conversamos, partilhamos, celebramos todos os dias.
Obrigado senhor por tantas alegrias neste mês.


A ti Senhor renderei para sempre meu louvor!!!