domingo, 25 de janeiro de 2009

06 - ILHA DO MARAJÓ HOJE UMA REALIDADE




Já fazem 8 meses que cheguei a esta terra chamada Breves, na Ilha do Marajó, lugar este que tanto sonhei durante nossa formação.






Creio que aprendi a amar este povo antes mesmo de chegar aqui.Hoje quando penso que esta próximo o tempo de voltar pra casa não sinto alegria, sinto dor... não sei como vai ser.




Mas não quero sofrer antecipadamente. Tantas atividades já fizemos durante estes 8 meses. Nesta semana estava tentando somar as horas que já estive somente sobre as águas do Marajó em missão, levei um susto!!!! foram 397 horas dentro de barcos e pequenas embarcações.






Foram 11 dias consecutivos somente em uma missão ribeirinha, experiência essa que ficará gravada em meu coração e minha vida para sempre. Foi "A Experiência." Quanta necessidade tem este povo, de formação, de atenção, de amor, precisam de pastor.






Recebem a visita do sacerdote uma vez no ano, isso significa que Eucaristia somente uma vez no ano. Dói muito ver essa dura realidade e não poder fazer quase nada para mudar, por falta de leigos, religiosos e sacerdotes, que venham para o Marajó dispostos a dar um pouco do que sabem, do que receberam gratuitamente do Senhor. É maravilhoso quando cantamos: Só por ti Jesus quero em consumir... mas na hora de consumir-se pelo reino, por Jesus, pelos irmãos, é necessário mais que uma canção, é preciso ser apaixonado pelo Senhor, é preciso renunciar a segurança da vidinha mansa que temos em nossas paróquias, grupos e famílias.






É preciso abraçar o crucificado, fazer a experiência de pentecostes no dia-a-dia nesta terra, como sempre fala nosso amado Dom Azcona. Hoje posso dizer que entendo o grito deste grande profeta, quando fala com a alma do seu povo marajoara, da situação que se encontra este pedaço de chão esquecido pelo Brasil, pelas autoridades.






É preciso estar aqui para entender, crer, experimentar como é o dia-a-dia deste povo.




A saúde é pedir a Deus, com todas as forças da alma, para jamais adoecer, porque não tem médicos, quanto menos medicamentos no pobre e deteriorado hospital. Quantas pessoas perdem á vida viajando 14 ou 15h, de barco pra chegar até a capital. muitos morrem até mesmo em casa porque não tem como ir até Belém. Deus nos dê a graça de não precisar de um médico aqui.




A Educação, nem vale a pena comentar, temos um grande número de pessoas, jovens, adultos e idosos que são analfabetos. Vale a pena abrir um parênteses para dizer que o PA hoje, na comunidade São José Operário tem uma pequena oficina de alfabetização, a Eloisa (missionária do PA) iniciou este maravilhoso trabalho, hoje já temos 6 pessoas sendo alfabetizadas.









A qualidade de vida deste povo é baixíssima, é péssima. A água é caso de policia, é algo sem nome o que fazem com a distribuição da água. Nos bairros de invasão não há água encanada, as crianças vão longe com baldes latas, ou qualquer outra vasilha buscar água dos poços que também não é agua potável, é normal encontrar toda hora crianças pequenas com baldes na cabeça ou nas mãos com aquela água escura, são obrigados a buscar água para tomar, cozinhar e para o banho.




A minha grande alegria, nesta missão é a comunidade São José Operário, celebrar com eles todos os domingos é realmente uma bênção, tem algo especial lá, todos que vão para uma celebração ou uma visita se encantam. Creio que Deus é realmente o centro desta comunidade isto faz a grande diferença. Durante a semana temos atividades de terça a sábado. oficinas de artesanato, catequese, ONG, alfabetização, formação de liturgia, mutirões de limpeza, terço, enfim eles vivem e celebram em todos os sentidos. Lá se vive verdadeiramente o sentido de comunidade.

OBRIGADA MEU SENHOR, por me trazer nestas terras marajoaras e aprender tanto com este povo. A ti senhor toda minha gratidão.










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